
Recordo quando caiam as folhas de Outono. Quando o perfume que pairava nas ruas era peculiar, um misto de bafio com terra molhada.
Recordo-me de caminhar por entre as folhas que vestiam as pedras da calçada, e de num gesto infantil saltar de folha em folha para as ouvir estalar.
Recordo-me dos vendedores de castanhas a apregoarem o Outono, e o cheiro delicioso a brasas que percorria as ruas.
Recordo – me de andar de eléctrico, de apreciar a cidade desde o Martim Moniz à Estrela, de cheirar a magia que a cidade transparecia e a felicidade nos rostos que surgiam na paisagem.
Recordo-me de percorrer o jardim da Estrela de mãos dadas com a minha avó, de ser inundada pelo encantamento da nova estação.
Recordo-me das cartolinas enfeitadas com folhas das árvores que perdurávamos nas paredes da Escola para dar as boas-vindas ao Outono.
A saudade faz-me recordar o velho Outono que nunca mais regressou...
Recordo-me!
Ana Diogo