Ouvem-se os carros a buzinar, ansiosos de aproveitar o resto do dia. Uns talvez nas redes sociais, outros a ler um livro, outros a assistir TV. E poucos com a pressa de conviver com a família. Perderam-se os serões em família, a partilha de vivências.
Ainda me recordo do tempo em que o jantar era um acto religiosamente a ser cumprido em família. Os assuntos recaiam sobre a actualidade, sobre o mau humor dos chefes ou a atitude de um professor. Partilhavam-se histórias, davam-se pareceres e relatavam-se episódios do passado. Os avós tinham por hábito iniciar conversas com um “No meu tempo não era nada assim…” e apesar de no início ouvirmos as histórias contrariados embriagávamo-nos com os relatos imaginando como era o tempo sem televisão, os tempos duros, mas também deliciávamo-nos com histórias caricatas já com pontos e contos acrescentados com o tempo…