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quinta-feira, 11 de junho de 2009

Imaginando uma noite de chuva...



Imaginando uma noite de chuva...

Tempo depois de me teres deixado, começaram os primeiros pingos da primeira chuva de verão.. Indubitavelmente e sem pensar fui até às traseiras e recebi a chuva… os pingos caíam sobre a minha pele como um néctar divino… senti em mim uma força enorme, uma vontade enorme de gritar, de querer abraçar o universo… senti o coração tão grande que seria capaz de possuir o universo dentro de mim…. Sozinha no prédio cantei para aquele festival de chuva mansa que caia sobre o meu rosto, cantei inventando uma letra, talvez ditada pelos deuses… os galhos das arvores caiam sobre o muro do meu quintal dançando com o vento e parecendo embalados ao som da minha canção… não tive vergonha, afinal estava sozinha apenas com os deuses… com a deidade humana, a alma do mundo… senti-me mulher, senti-me deusa, senti-me parte da natureza de toda a sua beleza e imperfeição… dancei ao som da minha musica com o ritmo da alma do mundo… um ritmo inseguro, por vezes forte e irado acabando num suave acorde… lembrou-me a paz e a guerra como se ambas pelejassem por um lugar a solo… lembrei-me do que sinto por ti: esse sentimento de perda e conquista, cada um lutando pela edificação. De um lado a perda por palavras pesarosas de ouvir… palavras que por vezes me deixam numa introspecção avassaladora… de outro lado a conquista, o reconhecimento, a exaltação do meu ser… Um sentimento que me faz acreditar na minha condição divina, como a de todos os humanos, embora eles não saibam que a possuem…
Ouvi, então, de súbito, um vizinho do prédio ao lado, a tocar piano, uma melodia que desconhecia… deixei-me ficar ali a ouvir, deixei de cantar e doei o ouvido ao piano. Pergunto-me se ele terá começado a toca-lo porque me ouviu e quis interromper, ou quis acompanhar o meu cântico aos deuses. Se calhar, também ele festejava a chuva à sua maneira. Os rituais são sempre diferentes… cada um sente-o à sua maneira.
Quis te abraçar, quis que recebesses o mesmo que estava a sentir, pedi então ao vento que recebesses uma leve brisa que te lembrasse de mim… pedi aos deuses, minto, pedi à deusa que guardo dentro de mim para que a minha outra parte, o deus, recebesse o mesmo sentimento… se o sentis-te então é porque me pertences…
Deixo um beijo num dossel carmesim, como espero que o céu acorde amanhã depois desta chuva de verão….

3 comentários:

Hélder disse...

Olá amiga!
Venho agradecer e retribuir a visita e os comentários que deixaste no meu cantinho!
Bem... que saudades de ler os teus maravilhosos escritos!
Já tinha mesmo saudades de vir à tua tela, mas tinha perdido o link!
Beijinhos.

MeiaLua disse...

Olá amiga! :)
Continuo a adorar o que escreves, a viver as emoções e a ficar presa a este ecrã :)

Vim dizer que estou de volta :)
(conforme o tempo me for permitindo...)mas a pedido de várias famílias ou seja vocês :) e como também já tinha saudades... cá estou eu! :)
Beijokas*

Unknown disse...

bem.. que descriçao ...
que assim sua divindade continue escrevendo, pois quem le suas palavras, concerteza que ficam agradados com o que leem.
direi que tamos perante d uma possivel escritora, quem sabe..
ja pensou em escrever um livro?
independentemente de sua reposta, lhe digo que tem o dom da escrita..
e que assim continuarei a seguir este blog..
bj, rosalina.