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terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Tunel da vida

Luzes fátuas se estendem no crepúsculo
Quando a noite árida chega
Imperfeita, parda, pálida, fugaz
Capaz de vindimar com a brisa ceva
A respiração temporária de uma vida
Que já por si é solitária

Encontro na escrita a evasão
De uma alma consciente do fim
Que deseja cunhar o presente
Numa lápide etérea
Para que ele se torne imortal…

Fantasmas encapuçados lembram o futuro
A morte, a chacina, a intolerância
Que nos espera atenta no fim da estrada
Íngreme, descalça, pobre, faminta
De uma existência que nunca poderá possuir

Como posso compensar o presente
Se ele já chega com o crepúsculo do fim?


Profetisa da Lua

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Os Deuses não estão esquecidos

Aguas ténues do Tejo
Que rompem em manhas cinzentas de Outono
Que se revoltam em ondas salgadas nas margens desta cidade
Gaivotas que acordam os deuses esquecidos
Prometendo o surgimento de um novo ciclo
As folhas das árvores cansadas cobrem o pavimento
O cheiro de Outono inala o tempo já velho
Que sábio acorda as memórias por acontecer…

A noite chega serena em silenciosos passos
A brisa gélida cobre a cidade no crepúsculo
Num silêncio sepulcral …
Corvos esvoaçam campas de poetas e pensadores
Incitando as almas a rescrever a História
Pegadas fantasmas profetizam a aparição da eternidade
Evangelhos são escritos na linha do tempo
Numa tinta escrava que exorciza as verdades

E o mundo padecerá para renascer das cinzas…


Profetisa da Lua...
Por vezes o silêncio é um revelador das mais puras verdades....

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Um dia chegará...

Quantos castelos percorri até renascer
Quantas feridas sararam ou se abriram
Quantas mágoas terei de enfrentar até morrer
Quantos olhares tentadores me iludiram

Espadas afiadas cortam-me as asas
Fico detida neste mundo de incertezas
Óh tu peregrino negro que me enlaças
Desiste de mim retorna às profundezas

Visito esperanças de outrora que caiaram
Fui a mão negra que matou o passado
Pensamentos mortos do fundo emergiram
Quais serão as linhas deste meu fado

Pedi ao pássaro negro que me trouxesse o presente
Demorou uma vida e regressou com a morte
Recusei o logro e renasci novamente
Sou um novo corpo com uma velha sorte

.....