Pages

domingo, 13 de novembro de 2011

Ansiedade...


Angústia de possuir o presente
Nas águas de tempos irados
Saudade de sentir o passado
Impondo sonhos e verdades
Encontrar o caminho que perdi
Desfaz-me em mil pedaços
Arranca de mim a vontade
Deambuladora de controlar o relógio
Enterrei o que fui à beira do que me tornei...

sábado, 12 de novembro de 2011

No fear



Ir mais além do que pensamos conseguir ultrapassar não é apenas uma vitória, mas um passo para o auto-conhecimento...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Perder-me


Tempo que me roubas o momento

Que trazes dentro de ti as memórias

Que rasgaram medos, pontes e sonhos

Fotografa os pedaços da minha história

Para que um dia quando me levares

Permaneça viva nas páginas de um álbum

Arquiva as palavras que humildemente escrevo

Para que um dia possa renascer numa voz

Que me recordará ao ler-me …




terça-feira, 8 de novembro de 2011

Tempo



"o tempo absoluto, verdadeiro e matemático, por si mesmo e por sua própria natureza flui igualmente sem relação com nada de externo, e com outro nome, é chamado de duração''. Newton


Quando é que inventam um objecto que em vez de medir o tempo, o retrocede e o controla? Tipo uma máquina do tempo….

Infelizmente, Enstein ficou-se pela teoria da relatividade, “o tempo passa mais lentamente para qualquer objecto em movimento ou sob a acção de um campo gravitacional importante. No caso do movimento, é necessário viajar a uma velocidade próxima à da luz (299 792 458 m/s) para que esse efeito seja perceptível. Com isto o tempo para o indivíduo em movimento passa mais devagar do que para quem não está em movimento, de modo que quando o viajante retornar ele estará mais jovem do que os que não viajaram com ele. Um exemplo: se o relógio em deslocamento nesta velocidade marca que passaram 12 horas, os em repouso marcam muito mais: uma década, por exemplo. Isto quer dizer que o viajante viajou dez anos no futuro. Infelizmente, de acordo com a Teoria da Relatividade, quanto mais um corpo for acelerado mais massa ele ganha. Então não há, nem haverá, um motor suficientemente potente para acelerar tal corpo”

Resumindo, quando é que nasce o cientista que conseguirá construir um portal que nos permitirá voltar ao passado e alterar decisões que mudaram o nosso destino?

Enquanto ele não nasce, temos de ser responsáveis pelas nossas decisões e aceitar as consequências…

terça-feira, 25 de outubro de 2011

"o que passou passou"


A dor por quem partiu do nosso mundo surge por vezes, disfarçada numa música ou de um poema que nos faz recordar retratos do passado. É nesse momento que nos questionamos se as raízes do que sentíamos foram queimadas até formarem cinzas, ou se, houve uma erva daninha que sobreviveu.




sábado, 22 de outubro de 2011

Porque a vida é assim...


O caminho foi escolhido. O destino, aquele caçador do tempo, trouxe-me de volta ao ponto de partida.


Pergunto-me como será regressar aos mesmos sítios, estar com as mesmas pessoas, sentir os mesmos cheiros, estar no meu quarto com as coisas que abandonei. Sei que não passou muito tempo desde que aqui estou, mas sei que algo mudou em mim e isso pode afectar a minha visão e o meu comportamento para com as coisas e pessoas.

Já não tenho medo da mudança, de atravessar montanhas desconhecidas. Quero ser no meu mais profundo eu sem medo dos espinhos que possa pisar. Quero enfrentar as ondas remando como um marinheiro experiente, pois descobri que a vida sem marés e tempestades é insonsa. Quem se deixa levar pelas ondas conhece as estrelas, quem se deixa ficar no porto conhece apenas a lua.

Posso ter dado uma volta de 360 graus, mas enquanto movia o transferidor vivi, conheci, transformei-me..


terça-feira, 11 de outubro de 2011

A vida é feita de escolhas, mas a melhor escolha é aquela que é feita com o coração.

"Quando nós queremos muito uma coisa, todo o Universo conspira para que ela se realize". Paulo Coelho



A vida é feita de escolhas, mas a melhor escolha é aquela que é feita com o coração. As coisas podem mudar de um momento para o outro. Num momento podemos querer regressar ao passado, noutro algo muda porque talvez o universo se encarregue disso e as nossas prioridades alteram.

Impus uma meta para uma decisão e vou respeitá-la, porque me ouvi e já não o fazia há uma eternidade. A vida não é feita de probabilidades, mas podemos conjecturar decisões para escolher caminhos. Podemos usar um “se fizer isto, acontece aquilo” e ter um plano B se, e lá está o “se”, as coisas não correrem como o previsto.

Pensei em desistir até ao momento em que recebi uma chamada e uma porta entreabriu-se. Não diria talvez desistir, mas mudei as minhas prioridades numa balança com dois pesos: dinheiro vs felicidade. Naquele momento em que se entreabriu a tal porta conjecturei o equilíbrio.

Acredito cada vez mais na frase: não há coincidências. O destino encarrega-se de nos por à prova, mesmo no limbo das nossas decisões.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Minha Lisboa

Sei que já publiquei este meu poema outrora, mas são as Saudades da minha cidade =)



Lisboa,

Coberta de um azul salgado pintado pelo mar
Cujas tempestades de outrora findaram as lágrimas
De um passado arduamente vitorioso

Que é de mim que me surgi em ti cidade
Num ímpeto fatalmente demorado
Numa inveja inconsciente de ti ó Deidade

Percorro impaciente as tuas ruínas
Como se procurasse a tua alma
Dentro de cada olhar que me foca


Caminho impotente por não reconhecer rostos
Por querer sentir a história de uma cidade
E deles receber desconhecimento

Cada canto tem uma história
Cada rua tem na cal o contador
Cada ruga dos passeios pedregosos
Tem uma pegada do passado

Se cada pedra da calçada
Se cada parede enrugada
Contasse uma história
Teríamos uma epopeia

Uma epopeia de heróis
De aventuras, de letras
De musica, de sonhos
De vitórias, de derrotas

Erguei-vos almas ébrias e ociosas
Porque vos escondeis nos hortos fúnebres
De um passado que quer regressar?

Erguei-vos pois sois a voz do futuro
Embriaguez que esconde a verdade
Ópio de um sonho que ficou por acontecer

Erguei-vos respeitosas almas
Tomai posse deste reino
O cálice é vosso…

Erguei-vos almas piratas
Rebentai as hostes
Acabai com os dogmas

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Somos o que escolhemos...



Escuto o silêncio que deambula entre a briza e a terra
Para desvendar os segredos que se afundam na alma
E encontro fendas impossíveis de curar
Escuto os meus passos que surdos me acompanham
Fiéis aos meus valores, sonhos e vontades
E apenas ouço o eco do que já sei
Vejo o sorriso que se reflecte na chuva do meu rosto
E sei que venci o meu ego em guerras e batalhas
Vejo as estradas que terei de percorrer para me encontrar
E não há mapa ou bússola que me consiga guiar
Cheiro as ruas que pintadas de folhas e orvalho
me lembram o chão do meu País
E me recordam a Mulher que sou
Sinto as rugas das calçadas e paredes
Como se fossem minhas e me preenchessem o corpo
Pois sou um puzzle que demorará uma vida a construir
Perco o norte em cada decisão que tomo
Pois nenhum caminho é certo se não me perder…

sábado, 1 de outubro de 2011

Resistência


Acreditar nos nosso passos é como subir uma montanha e sentir cada calo como se fosse uma conquista. É não desistir de subir, mesmo que furemos a sola das botas ou rasguemos o cós das calças. É acreditar que iremos chegar ao cume e dizer “eu consigo” com toda a certeza que nos arde na alma.
Nunca desistam de enfrentar uma montanha, por mais alta que ela seja, pois nunca saberão o que pode estar no topo se não fizerem de tudo para lá chegar. E mesmo que no cume dessa montanha encontrem desilusão, pensem que tiveram coragem o suficiente para subir.
Pensem que cada calo vos prepara para enfrentar outros desafios e que vos ensinou algo sobre vós mesmos que desconheciam.
A necessidade desenha o progresso enquanto a resistência nos fortalece.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Passado...


Os retratos que deixamos no passado aprisionam-nos no tempo, como sentinelas num castelo assombrado.

Visitar esses momentos traz-nos cheiros, aromas, rostos, paisagens adormecidas no passado. A vida é tão fugaz, tão sinuosa e tão atroz quando nos lembra as terras que já pisámos e os rostos que nos sorriram. Parece tudo tão distante como pedaços de história de outras vidas, contudo fomos nós que ali estivemos naquele momento imortalizado numa folha de papel fotográfico e lá permaneceremos mesmo que a terra nos confine ou as nossas cinzas sejam levadas pelo vento e viajem nas marés.

Quem me dera ser como o vento que passa pelas eras sem rugas, fado ou morte.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O poder das pequenas coisas


O tempo passa como o vento que irado leva consigo o passado que parece tão distante. Tudo se transforma, tudo se adapta.

Somos como ervas daninhas que nascem frágeis, parecendo incapazes de crescer num mundo desadequado, e que vão buscar forças ao seu interior e se adaptam a todos os espaços e meios.

Chegou o tempo de abandonar o ninho no qual criei raízes. A distância física que neste momento me separa do meu refúgio é atroz: por um lado, sinto que este é o caminho para evoluir, por outro lado, as saudades rasgam-me o interior. É preciso abrir as portas para um novo mundo, criar pouco a pouco um refúgio na mente que me levará para o meu ninho sempre que águas negras atravessarem o meu caminho.

Cada momento nos transforma, cada passo que damos fortalece-nos. Iremos sempre encontrar adversidades, enfrentar medos e tomar decisões, pois nada é exacto.

O significado das coisas altera mediante o espaço e tempo em que estamos. Hoje um abraço dos meus pais significa muito, pois terei de aguardar pelo momento em que os voltarei a ver. E provavelmente não recebia um abraço frequentemente, pois sabia que quando quisesse eles ali estariam. Felizmente as novas tecnologias já nos permitem ver as pessoas em tempo real embora nos encontremos a longas distâncias, mas ainda não conseguiram transpor o cheiro e o toque que nos é tão familiar.

Estando longe do nosso pequeno mundo faz nos perceber e dar valor às pequenas coisas. Mas só quem abandona o espaço consegue realmente perceber a importância das pequenas coisas (como alguém, que percebe há muito tempo o que estou a sentir, me transmitiu antes desta minha caminhada)

Aproveitem todos os momentos, dêem valor aos pequenos prazeres e saboreiem a intensidade das coisas.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

IAMSTERDAM



Desde segunda-feira que estou em Amsterdão. De armas e bagagens ficámos instaladas no Lanthern Hotel, que viemos a saber mais tarde que está no top 10 dos piores hotéis da Europa.
Para começar o avião atrasou cerca de 40 minutos, chegámos a Amsterdão cerca da uma da manhã. Chovia torrencialmente. Aqui as finas resolvem apanhar um táxi até ao hotel, pois cada uma trás em média 38 kG de bagagem.
Chegadas ao Hotel lemos um aviso de que a recepção é do outro lado da estrada, lá vamos nós de malas às costas e de troller na mão. É nos atribuído o quarto 46, voltámos para o outro lado da estrada e ao entrarmos no prédio deparamo-nos com uma escadaria até ao 4º andar sem elevador. Fomos buscar forças sabe Deus onde e após 30 minutos árduos lá conseguimos chegar ao quarto. Lavar os dentes, vestir o pijama e estatelámo-nos na cama e dormimos pesadamente.
De manhã lá vamos nós explorar a cidade á procura de imobiliárias: nem vê-las. Os quartos / apartamentos são expostos nos classificados do jornal ou na internet. Até hoje já vimos dois quartos. O primeiro morreu no acto, o segundo adoraram-nos mas fica na zona sul de Amsterdão e temos de apanhar dois transportes para o centro. Estamos ainda decidir se ficamos mais uns dias no hotel ou se aceitamos o quarto onde o gato perdeu as botas.
Feliz das coincidências conhecemos um senhor bastante simpático americano no avião, que se prontificou logo para nos ajudar a tirar as nossas pesadas malas ao aterrarmos. No da seguinte qual não é o nosso espanto quando o encontrámos perto da Central Station numa esplanada de um bar. Convidou-nos para um cappuccino que humildemente aceitámos. Conversa puxa conversa sugeriu-nos entregar o nosso currículo num café, cujo dono é seu amigo, e se tudo correr bem estaremos encaminhadas. Hoje fomos os três almoçar ao restaurante Melkweg. Aconselho vivamente a quem visite Amsterdão servem umas belas saladas king size e uma sopa divinal. E normalmente à noite têm música ao vivo.
Agora falando da parte mais difícil: as Saudades. Para uma menina como eu habituada a viver com os papás está a ser difícil gerir as saudades e elas apertam de dia-para-dia. Confesso que já deitei umas quantas lágrimas de saudades tanto dos pais como dos amigos. Contudo, tenho de ser forte e acreditar que isto é o melhor para mim e irá enriquecer-me enquanto pessoa. O meu plano inicial é de 6 meses, depois decido se fico ou se volto. Ainda não pus de parte voltar a concorrer como professora para o próximo ano. Espero sinceramente que consiga ir passar o Natal a lisboa para poder matar um pouco as saudades.
E são estas, para já, as novidades aqui neste cantinho frio e chuvoso do Mundo….

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sou


Sonhadora eterna que aguarda o impossível
Sobre as asas da imortal inocência
Altruísta no sentir do universo
Que espera ouvir nos outros o seu EU
Consome o mundo na sua veia Mística
Absorve o invisível como uma certeza
Eterna Poetiza do passado que o escreve
Como se se tratasse do chão do futuro
Criativa das visões que lhe trespassam
Pintando o vazio de mil cores visionárias

Sou como uma corrente de uma maré à deriva
Que secreta corre pelas águas incertas

Ana

domingo, 24 de julho de 2011

Caminhos...

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." Fernando Pessoa


E assim foi o meu último dia de trabalho numa empresa que me acarinhou e onde aprendi muito, tanto a nível profissional como pessoal. De onde levo boas recordações e amizades.

A vida é feita de escolhas, agora é seguir em frente nunca esquecendo as pegadas que vão calcando o passado.

Ana

terça-feira, 21 de junho de 2011

Introspecção


Há dias em que só nos apetece estar no silêncio. Mergulhar no vazio da mente e procurar o infinito das dúvidas que nos corroem. Faz bem perscrutar o nosso íntimo mesmo que não seja para obter respostas concretas. Sentir o que nos vai na alma, medir o passado e pesar o presente.

Hoje foi um dia assim! Um dia de introspecção. Fantasmas do passado visitaram-me. Alertaram-me para o facto de eu ter de seguir em frente. Pensei em todas as relações que tive até hoje. Pensei nas coisas que alcancei e nas coisas que perdi. Lembrei-me de pessoas que foram peças fundamentais na minha vida e de quem perdi contacto. Medi o que tenho hoje e o que posso ganhar amanhã.

Um dos meus maiores sofrimentos é o facto de deixar os meus pais neste país que caiu no vazio. Contudo, num ápice recordo-me que também vou partir por eles. Para um dia ter fundos para poder cuidar deles quando a idade os apanhar para lá das rugas que os vão marcando.

É duro ter de tomar uma decisão que vai mudar a nossa vida para sempre. É um sentimento atroz, é a vontade enaltecida da descoberta e as saudades antecipadas que nos cortam a alma.

No fim, a minha voz interior sussurra-me. “O que é que tens a perder? A vida é breve, aproveita, vive, cai, levanta-te, aprende, cresce… Ninguém vai viver por ti!” É um facto e nada o pode negar.

A vida é uma aprendizagem. Acredito que não estejamos aqui apenas para respirar e sobreviver. Estamos aqui para apreciar o ser e o saber estar. Não sei o que estará depois do meu último suspiro, por isso vou fazer por tudo para aproveitar a dádiva de existir.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Vergonha


A vergonha esconde-me o rosto
Com estas lágrimas que deito
Esmagando-me os sonhos que alcancei
A dor da perda estrangula-me
Como uma corda velha de sisal
O vazio do que sou instala-se
Como o pó de uma guerra perdida
Já nada sou se não a sombra
De um passado que carreguei
Como eu queria apagar o que fui
Com uma borracha intemporal
Como eu desejo ser tudo aquilo
Que sonhaste que eu fosse…

(...)


A vida é como este poço, ou sobes as escadas ou bates bem no fundo e sofres com a queda...

domingo, 22 de maio de 2011

Mudança...


Mudei de endereço de blog, por uma simples razão: existem apenas 3 pessoas que têm conhecimento que em Agosto vou rumar até à Holanda. Por enquanto, vou manter tudo no anonimato. Como ainda não tenho nada palpável para contar irei guardar a notícia por mais algum tempo.

Estão todos habituados ao facto de eu viajar com regularidade, mas ninguém estará a espera que me mude de vez, de malas e bagagens.

A realidade é que a vontade de aqui ficar é nula. Já não suporto o trabalho que tenho, sinto aquela vontade da mudança, de crescer e de arriscar. Não foi uma coisa pensada de ânimo leve. A ideia nasceu quando numa das viagens a minha mana perguntou-me o que eu achava da ideia de irmos viver para outro país, arriscar e fazer-nos à vida. Durante muitos meses recusei a ideia, pensei muito sobre o assunto. A altura em que a ideia chegou não foi a melhor. Estava a sair de uma relação e com um nível de baixa auto estima do pior. Não estava centrada em mim, não sabia o que queria. Primeiro tive de estabelecer pequenas metas, aceitar a realidade que tinha, de perceber que não precisava de um homem para ser feliz. Hoje sinto-me bem solteira e adoro o silêncio que partilho comigo mesma. Agora consigo abraçar a ideia da mudança.

A minha mana que é a investigadora de serviço deu me a conhecer um blog de uma rapariga que foi para Amsterdão em 2008, devorei os meses de 2008 quando se mudou para lá. Ainda fez crescer mais este bichinho que temos cá dentro.
O que mais me vai custar serão as saudades dos meus pais e amigos. Será algo devastador, pois sou bastante apegada a eles. Devo confessar que fiquei muito surpreendida com o apoio que o meu pai me deu para ir em frente com a ideia. Espero voltar muitas vezes a Portugal e proporcionar a ida de quem amo onde eu estiver.

Neste momento estou de férias e quando regressar vou pedir a carta de rescisão com saída marcada para final de Julho. E em Agosto lá vamos nós rumo ao desconhecido.

Tenho perfeita noção que não será fácil de início. Todas as mudanças trazem obstáculos e o medo de que as coisas poderão não correr pelo melhor está latente. Poderá ou não ser provisório. O tempo que lá ficarei será uma incógnita mas “quem não arrisca, não petisca”.

A nossa última viagem foi a Amsterdão. Adorei a cidade, as pessoas, o cheiro. Um mundo tão diferente mas tão acolhedor. O frio será de facto um obstáculo, ainda para mais duas pessoas que só estão bem ao sol. E um obstáculo pessoal será também: andar de bicicleta, tendo em conta que nunca aprendi.

As nossas próximas viagens antes da derradeira serão Roma e Madeira. Roma é de facto a minha cidade de eleição, se tivesse melhores condições financeiras seria a minha primeira escolha. Simplesmente amei a primeira vez que lá estive. Aliás adorei as poucas cidades que conheci em Itália, mas em Roma senti-me em casa, lá bebe-se a história, a magia e o clima tão semelhante ao lusitano.

Enfim, a mudança espera-me e esta mistura de sentimentos consome-me. Um misto de ansiedade com saudades antecipadas. Até tenho saído mais com os meus pais numa tentativa de recuperar o tempo perdido. Parece que quando tomamos consciência da mudança as saudades nascem e tentamos aproveitar o tempo que nos resta com quem é importante para nós.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

...


O tempo compra-nos as rugas
Que nos chegam sorrateiras
Como o silêncio nos ensurdece
Quando a solidão nos recolhe

Partimos de um porto sem rumo
Num barco sem marinheiro
Enfrentamos ondas e tempestades
Num destino sem mapa ou norte

Fugimos da verdade que nos espera
Esperançosos pela imortalidade
Contamos a nossa história
Sem espelhos, feridas ou idade

No final quando lançamos a âncora
Abraçamos a verdade absoluta
De que o fim chega sem disfarce
Chama-se Morte, chama-se culpa…

Ana Diogo

terça-feira, 17 de maio de 2011

"O relógio não pára..."



A vida surpreende-nos a cada passo e quando não o faz é porque algo está errado. Portanto, embora o que está para acontecer seja atrozmente avassalador, estou feliz. Irá ser uma grande mudança com “M” maiúsculo. Um caminho com mais espinhos do que pétalas de rosa, mas será algo memorável que nos mudará para sempre.

Contudo, quando nasce aquela vontade de mudar, aquele bichinho da novidade, aquele impulso de quebrar a rotina, não existe maneira de voltar atrás. Como não quero viver de “se´s” vou abraçar esta ideia e recomeçar de novo.

Sempre quis voar para longe mas nunca tive a coragem para o fazer. Lembro-me de sonhar ir dar aulas para as PALOPS e esses sonhos ficaram perdidos no tempo. Lembro-me de admirar a minha mana por ela ter decidido ir morar para a Noruega e num ápice lá estava ela a viver a KM de casa.

Sei que não é preciso ir para longe para poder crescer, mas se nos cai nas mãos a oportunidade de o fazer, porque não tentar? Neste momento não há nada a perder, aliás acho que existe muito mais a ganhar do que a perder, embora o caminho se mostre pedregoso e cheio de rasteiras. Mas no que se traduz o crescimento? Superar barreiras e encontrar defesas para nos protegermos do imprevisto.

O relógio aproxima cada vez mais o dia da partida e este sentimento avassalador torna-se cada vez mais real. Tento abstrair-me e focar-me no presente. Aproveitar os meses que me faltam para deixar aqui memórias bonitas a quem abandono fisicamente.

Sinto que esta nova jornada nos tornará mais fortes, a ti e a mim: minha irmã. Iremos ser muito felizes com memórias que marcarão a nossa história. O passado juntou-nos e o futuro une-nos como duas folhas, que embora sejam de árvores diferentes com propriedades distintas, respiram da mesma forma.

Como me costumas dizer: o relógio não pára…

Ana Diogo

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Escolho....




Escondo de mim o caminho que percorro, como quem tem medo de descobrir o incerto. Procuro nas certezas que tenho, respostas para o vazio que sinto. Nada acontece por acaso, nada surge como uma eventualidade. Chamo-as de pistas que o destino, fatalmente, lança nos caminhos que pisamos.

Sinto-me entre a espada e a parede, mas com uma indubitável certeza de qual o caminho a seguir. Não poderei escolher o caminho mais fácil. Escolherei a avenida com pedras soltas na calçada, com uma estrada ainda em construção, com prédios coloridos, onde se avista no final uma ponte que cai elegantemente sobre um rio.

Escolho viver num reino distante com caras por descobrir, sem mapa ou bússola. Levo apenas a vontade de mudar, não o chão que irei pisar mas sim a visão de ver o mundo.

Prefiro um mar de espinhos com algumas pétalas, do que um lago impávido e sereno. Prefiro ter uma mão vazia e livre, do que uma mão cheia de futilidades. Prefiro cheirar a liberdade num mundo desconhecido do que a prisão na qual me encontro.

Levo comigo as saudades que já me rasgam o coração daqueles que amo, mas levo também a certeza de que o amor que sinto não se apagará com o tempo ou distância. Como se o universo se invertesse num buraco entre o espaço e o tempo, e nele pairasse os momentos que vivemos. Construí um álbum na minha memória com todas as histórias que vivemos num retrato que não padecerá com o tempo.

Escolho a incerteza do que vou encontrar, à segurança de um mundo sem novidades.

Ana Diogo

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Passado glorioso...



Lisboa,

Coberta de um azul salgado pintado pelo mar
Cujas tempestades de outrora findaram as lágrimas
De um passado arduamente vitorioso

Que é de mim que me surgi em ti cidade
Num ímpeto fatalmente demorado
Numa inveja inconsciente de ti ó Deidade

Percorro impaciente as tuas ruínas
Como se procurasse a tua alma
Dentro de cada olhar que me foca


Caminho impotente por não reconhecer rostos
Por querer sentir a história de uma cidade
E deles receber desconhecimento

Cada canto tem uma história
Cada rua tem na cal o contador
Cada ruga dos passeios pedregosos
Tem uma pegada do passado

Se cada pedra da calçada
Se cada parede enrugada
Contasse uma história
Teríamos uma epopeia

Uma epopeia de heróis
De aventuras, de letras
De musica, de sonhos
De vitórias, de derrotas

Erguei-vos almas ébrias e ociosas
Porque vos escondeis nos hortos fúnebres
De um passado que quer regressar?

Erguei-vos pois sois a voz do futuro
Embriaguez que esconde a verdade
Ópio de um sonho que ficou por acontecer

Erguei-vos respeitosas almas
Tomai posse deste reino
O cálice é vosso…

Erguei-vos almas piratas
Rebentai as hostes
Acabai com os dogmas

Erguei-vos almas mestras
Que eu serei cônsul dessa vontade
E para sempre a verdade viverá ao lado da historia…

Ana Diogo

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Foi num dia assim...



Foi num dia assim que eu te conheci
Sobre um doce e suave céu
Num horizonte agreste carmesim
Pintado sobre um delicado véu

Foi numa tarde assim que me tornei tua
Sobre uma brisa serena e efémera
Que como uma discreta rosa nua
Despiu as pétalas e tornou-se eterna

Foi num dia assim que me traíste
Com um beijo salgado a mel
Tornaste a saudade triste
Com a tua prosa infiel

Foi num dia assim que partiste
Sobre um céu de cetim
Numa cor rosácea e triste
Secaram as pétalas do meu jardim

Ana Diogo

Vidas



A vida muda como um furacão que surge sem ninguém esperar…
Há um ano tudo era diferente, um fim que deu a origem a um novo começo… Perdi uma pessoa importante na minha vida, mas não a história que vivi com ela. Perdi o sentimento que nos unia, mas ganhei a certeza de que o fim seria inevitável e que um novo caminho me esperava…

Comigo ficam os momentos que vivemos, as coisas que partilhámos, os sorrisos, os abraços, as promessas que não se cumpriram… O tempo, essa força imortal, cura e mostra-nos que o caminho nem sempre é aquele que arquitectamos.

O sonho que construímos os dois ficou por ali naquelas palavras que na altura me feriram mas que já estaria a espera.

Para mim o ano começou naquela noite em que me deixaste e me libertaste da gaiola que partilhávamos. Daquele ninho que eu não queria abandonar. Tiveste de ser tu a expulsar-me e agradeço-te com todas as minhas forças.

Caminhei, por vezes, impaciente na rua sem destino ou porto, mas ganhei experiências que me construiram. Comparo a minha vida com este pequeno acto de deambular com as linhas que se desenham neste futuro próximo.

Há que confiar no tempo, esse professor que nunca faltou a uma aula. A vida não nos promete riqueza, apenas a oportunidade de a conquistar.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Quero...



Procuro a minha realidade num futuro que ainda não desenhei, num rascunho de traços leves mas decididos.

Sinto o cheiro a mudança, como um rio que flui por entre as rochas num verde insípido. Quero ir mais além, caminhar numa praia cujos grãos de areia serão as minhas recordações e o mar as minhas decisões. Quero ser, existir, quero crescer. Quero abraçar o mundo com a minha alma repleta de experiências de um viver sem arrependimentos.

Quero arriscar, quero poder dizer fiz mesmo que nem tudo corra bem. Quero ser como uma montanha que cheia de camadas, árvores, seres e riachos surge no horizonte.

Procuro a minha essência não na distância para onde o destino me leva mas dentro de mim. Quero partilhar pedaços de mim pelo Mundo, como uma gota que evapora e se transforma numa nuvem e renasce na mesma essência.

Quero o impossível, o inatingível, como o universo que se dobra num infinito entre o espaço e o tempo.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Revolta



Sinto o mar cá dentro revoltado
Embalando a saudade que me espinha
Essa ausência da tua voz atropela-me
Faz-me desejar o inaceitável
Silencias o pecado que me esgota
Fico sem saber qual é o rumo
Que o meu coração escolhe
Se o vazio ou se a meia – metade
Exageros de uma alma que divaga
Entre o desejo e a rejeição
Entre o querer e a recusa
Entre o real e a doce ilusão…